Existe equipamento proprio para isso, tem em hospitais, mas quando está muito inchado, esse equipamento , não entra entre o anel e o dedo.
Uma historia inusitada.
Era meados da década de oitenta, naquela época eu estava encarregado de manutenção de uma grande multinacional durante o turno C (das 15h45 às 23h30)
Ao retornar do restaurante após o jantar por volta da 20h30 recebo um telefonema do técnico de segurança do trabalho solicitando um mecânico com serra e morsa para realizar um trabalho de emergência na enfermaria da empresa, se negou a dar maiores detalhes.
Diante da estranha solicitação, me encaminhei junto com um mecânico até enfermaria; la encontrei o técnico, o enfermeiro e um menino de aproximadamente uns 7 anos.
A mãe havia percebido que o menino apresentava um comportamento estranho e arredio a vários dias, por fim descobriu o motivo, era um anel de antena de fusca encravado no dedo anular, devido a falta de circulação o dedo inflamou muito e inchou mais que que o dobro do diâmetro, estava preto e mais parecido com uma pera.
Diante da gravidade da situação, a mãe procurou ajuda no sistema público de saúde, infelizmente nenhuma unidade municipal quis se responsabilizar pelo problema, depois de ir de lá para cá, num hospital da cidade um médico "iluminado" chegou à conclusão que a amputação seria a unica solução para o caso, nesse caso a mãe deveria assinar um termo autorizando o procedimento.
Desesperada, a mulher junto com a criança, foi à empresa que eu trabalhava para falar com o marido, um funcionário da produção.
Na portaria o técnico de segurança ao tomar conhecimento da história, aventou a possibilidade de cortar o anel e convenceu o guarda da portaria a deixar o menino entrar até a enfermaria.
Diante dessa situação, vi que na enfermaria seria impossível fazer muita coisa, poderia cortar o anel apenas na oficina. Depois de uma rápida ponderação (corríamos o risco de sermos todos demitidos) fomos todos, inclusive o enfermeiro de plantão para a oficina.
Por ser horário do jantar, dezenas de curiosos foram aparecendo em volta da bancada, e junto os inevitáveis palpiteiros. Com muito cuidado, prendi o anel na morsa da forma que foi possível; devido ao grande inchaço o corte do anel só poderia ser feito de través no lado mais fino virado para a palma da mão; com movimentos muito curtos e bem devagar eu fui serrando até chegar na pele; devido a movimentação o menino estava passando muita dor mesmo com a injeção de anestésico que o enfermeiro havia aplicado.
A idéias era enfiar alguma cunha no corte e rachar o anel; infelismente a peça é muito resistente e não cedeu nas tentativas; precisei fazer outro corte paralelo para ter mais espaço para colocar uma cunha maior.
Feito o segundo corte, a carne começou a inchar rápido no rasgo e devido à rebarba poderia cortar a carne, resolvi agir depressa, inseri com um grande alicate de trava no rasgo e tentei rachar o anel, na primeira escorregada o menino gemeu de dor, eu falei pra ele aguentar firma que ia conseguir, felizmente na segunda tentativa o anel rachou e libertou o dedo do menino. A forma do dedo era impressionante, fininha no local do anel e a partir de uma face de 90 graus que parecia um rebaixo torneado saia uma enorme pera.
Durante todo o tempo a mãe ficou esperando na rua, levamos o menino até a portaria para entregar à mãe e para que retornasse ao hospital; ao ver que o anel foi retirado, a mãe emocionada agradeceu muito. Dias depois encontrei com o pai do garoto, ele me informou que tudo estava bem e o dedo ficou sem sequelas.
Peço desculpas aos colegas por essa historia tão longa e of topic, mas achei que deveria resgatar o fato nessa oportunidade.
Isso aconteceu a muitos anos e houve muitas testemunhas, talvez algum leitor do fórum possa ter visto ou sabido e poderia comentar tb.
Abraços...