Jorge, andei pensando por aqui, e acho que vou reativar as prensas.
Vou tentar rebater um a um seus comentários. A intenção é, se possível, aprofundarmos a discussão, o que é útil a todos, e mais ainda para mim, que cutuco a onça e ao invés de mordidas, levo técnica e saber, hehe.
Regulação.
Devo confessar que não tenho profundos conhecimentos sobre eletrônica de potência. Talvez não tenha nem superficiais. Vai depender do referencial adotado.
Mas, do ponto de vista sistêmico, podemos mal comparar um driver qualquer a um dispositivo eletroeletrônico qualquer. Dispositivos eletroeletronicos possuem funções de transferência definidas, com domínio e imagem limitados, no tempo, na amplitude, em ambos e/ou outros parâmetros, a depender do número de dimensões. A tensão de alimentação é variável relevante em qualquer abordagem que se adote, penso. Quando penso em tensão, falo em V(t), ou seja, seu comportamento temporal.
Assim, perturbações na tensão de entrada influenciam o resultado da função de transferência.
Novamente, confesso que não sei de pronto quantificar isso, mas a intuição (bicho traiçoeiro) leva a crer que seja apreciável, haja vista a experiência com controle de dispositivos de potência, motrizes ou não, sujeitos a tensões não confiáveis.
Por isso, a meu ver vale a pena sim, sempre que técnica e economicamente viável, utilizar-se um estágio de regulação adequado em fontes de alimentação para quaisquer dispositivos, sejam drivers, amplificadores ou, o que seja, independente da topologia adotada.
Tensão da fonte
Quanto a ser mais realista que o rei, não há dúvidas. Você tem toda razão. E alguém já disse que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose.
Não disse que o fabricante X, Y, ou Z do produto x, y ou z é mais ou menos honesto quanto a suas especificações. Não há juízo de valor. Talvez tenha me expressado mal, mas vou usar um exemplo prático, e propositalmente não eletrônico, pra ver se entendem meu ponto de vista:
No dimensionamento de cabos e elementos de construção para içamento estático de cargas (por exemplo, içar e manter 600 kg de caixas acústicas sobre o cocoruto de uma galera enorme), é regra usarmos um "fator de segurança" (eu chamo mesmo é fator de seCUrança, pois quem o tem, tem medo) de 5. Ou seja, pega-se a tensão de ruptura dada pelo fabricante e tasca-se um quociente 5 em cima dela. Porquê? Porque não sei, não tenho como saber, ou mesmo não me interessa saber, se o fabricante é bonito ou feio, daqui ou de alhures. Existem pelo menos 4 ou 5 normas para testes de tração destes componentes, e não sei qual delas o fabricante usou. Trato como uma comoditie (é assim que escreve isso??) e o fator 5 pode até me fazer gastar mais dinheiro, mas também me faz dormir mais tranquilo. Mas também me faz gastar menos dinheiro. Se me faltar meio metro de cabo na obra em Cansanção do Mato Dentro, vou no depósito do Zé Tortão e compro o que tiver (na bitola e número de fios/trança, etc...). Não preciso pedir a São Paulo que me envie o cabo do fabricante tal que foi sob o qual especifiquei.
Da mesma forma, entendo um driver comprado pronto como uma quase caixa preta, para o bem e para o mal. Não me importo muito com o que está lá dentro, e de que forma ele faz as coisas. O que interessa mesmo é a função de transferência, e não suas passagens. É a mesma coisa quando se usa o DSP X ou Y. É irrelevante saber o que diabos tem lá dentro (satisfaz nossa infinita curiosidade mas, para fins palpáveis, é absolutamente irrelevante). Escolhe-se o bicho e aplica-se, desde que ele faça o que queremos, nas condições de entrada e saída que precisamos.
Assim com qualquer dispositivo. E não é boa prática usar um dispositivo qualquer "no talo". O fabricante especifica o dispositivo sob condições muitas vezes não muito controladas, ou controladas demais, ou sob normas as quais não temos acesso ou são diferentes das quais estamos habituados a lidar. Ou mesmo, fora de contexto (não é o caso, mas é um caso).
Catzo, neste fórum há inúmeros exemplos de, por exemplo, dimensionamento de resistores de lastro para drivers. Por que raios deve-se utilizar um multiplicador na potência nominal calculada para o resistor e não se pode utilizar um quociente para o limite de tensão do driver X? Não vejo o fabricante do driver X como mais lindo que o do resistor... E se for, que importa?
Por último, mas não menos importante: não tenho esse dado, mas alguém aqui já quantificou a perda funcional em um motor para a diminuição de tensão da ordem que proponho? De novo a traiçoeira intuição me diz que ela não deve ser muito relevante. Mas a diminuição de risco sobre um componente que deve ter custado um bom dinheiro (o driver), esse sim é bastante relevante.
Corrente da fonte.
Bom, não havia tocado nesse ponto, porque não tinha idéia da carga, coisa que perguntei ao Luthier. Aliás, sua abordagem é perfeita. O dimensionamento deve ser feito pela potência solicitada, e não pela corrente. Se dimensionar pela corrente, terá uma fonte sobredimensionada, gastando dinheiro a toa.
Só temos que tomar cuidado com o seguinte: amanhã vem o sujeito com uma phase drive ou coisa do gênero, pesquisando no fórum, e encontra a sua conta. Faz a fonte e... PUF! Lascou-se. A limitação de corrente nesse caso se dá pela queda de tensão no resistor de lastro, ou seja, a potência deve ser calculada através da corrente por toda a tensão de fonte. Sua abordagem vale para dispositivos com controle ativo da corrente sobre a carga. Para dispositivos passivos, vale o senso comum e a velha e boa lei do ômi.