Jorge, meu velho, vamos lá.
Preparei aqui um trechinho de música pra ilustrar esse negócio de limitação e o que ela faz com a dinâmica. Afinal, um som vale mais que mil palavras... Os trechos são curtíssimos por 2 motivos: primeiro, pra ficar pequeninho, fácil de baixar. Segundo, pro dono dos direitos da música não vir me perturbar
O primeiro trecho é o original. No segundo, foi aplicada compressão a -6 dB, ataque de 0 ms e liberação de 500 ms, com joelho reto, taxa de infinito:1, ou seja, limitação a -6 dB, o que quer dizer que o que passar de -6 dB é limitado. Na imagem, em cima vc tem o original, e embaixo o limitado. Veja o que acontece com o pobre contra-baixo na hora em que o baixista ataca. Ouça e tire suas conclusões
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Não se trata de preciosismo ou dogmatismo. A dinâmica é parte da música, tanto quanto a harmonia, a melodia e o andamento e, portanto, trabalho do autor. Aliás, é parte integrante da composição. Se assim não fosse, não teríamos notações de dinâmica em partituras.
Quanto ao uso de compressores em mixagens ao vivo, é claro que são utilizados. Aliás, são indispensáveis. Mas a dinâmica (da técnica, não da música) no ao vivo é muuuuuito diferente da do estúdio. No ao vivo, não dá pra virar pra todo mundo e falar "Pára tudo aí! Vamo de novo do começo e fazer a boa!" Tem muito caroço nesse angu. O compressor é das ferramentas mais versáteis para o profissional de áudio. Na verdade, utilizamos não um ou dois, mas n canais de compressão, com diferentes ajustes, disparo direto ou por frequência (side-chain), dependendo do instrumento, do músico e da música. No ao vivo, em geral usamos compressão no master só pra dar uma "encorpada" no programa. No estúdio, a compressão de master é uma das últimas coisas que se faz, quando se faz, depois de toda a mixagem já pronta.
Já na guitarra, a conversa é outra, completamente diferente. Compressão em guitarra é "licença poética". Guitarrista é por definição um xarope. Afinal, que outra raça do universo transformaria uma característica horrível de amplificadores de péssima qualidade e transformaria na marca registrada do instrumento? Na guitarra vale tudo. De todo jeito. E o pior é que fica bom.