Prezados,
Respondendo a pergunta do Jorge, meu nome é Gil.
A potência transferida entre o primário e o secundário de um transformador (trafo) depende dos seguintes fatores: (1) a seção reta do núcleo de ferro, (2) intensidade de campo máxima do ferro, (3) densidade de corrente do fio. Sem querer ser pedante ...
ai vai a formula para calcular a seção do ferro de um trafo:
S
Fe=Raiz[P (Watts) / B
max.A.f(Hz)]
A- densidade de corrente do fio
B
max - intensidade máxima de campo magnético no núcleo
Ao analisarmos a equaçâo, podemos tirar as seguintes conclusões:
(1) Ao aumentarmos a frequência, a seção do núcleo diminui, para uma mesma potência. E é por isso que as fontes chaveadas podem usar núcleos pequenos, a frequência é da ordem de 40 KHz ou mais, o que torna o núcleo (de ferrite) muito pequeno.
(2) Ao aumentar a densidade de corrente a seção do ferro diminui, mas isso gera aumento nas perdas devido ao aquecimento no fio e pode até queimar o trafo.
(3) Ao aumentar o campo magnético máximo do núcleo (de ferro) a seção do ferro diminui. Ou seja o trafo fica menor se a qualidade do ferro é melhor, por isso os núcleos de ferro de grão orientado, que permitem atingir maiores campos magnéticos, são melhores (e mais caros).
Também podemos alterar a fórmula e avaliar a relaçâos desses parâmetros com a potência, ou seja:
(1) Ao aumentarmos a frequência, a potência poderia ser aumentada. Mas isso não é totalmente verdadeiro, pois ao aumentar frequência temos um aumento das perdas no núcleo devido as correntes de Foucault, dai o núcleo ser feito de várias chapas isoladas entre si, o que diminui essas perdas.
(2) Ao aumentar a densidade de corrente, a potência aumenta, mas isso gera aumento nas perdas devido ao aquecimento no fio e pode até queimar o trafo.
(3) Ao aumentar o campo magnético máximo do núcleo (de ferro) a potência aumenta. Mas requer ferro de qualidade melhor.
(4) Ao aumentar a seção do ferro, a potência aumenta.
Normalmente, em transformadores de 60Hz e núcleo de ferro comum, a formula anterior é simplificada como a seguir:
P (Watts) = [S (cm
2)]
2 / 1,1
A partir dos dados fornecidos, repetidos a seguir:
Primário: 110V, bitola 17 AWG
Secundário 1: (medidos 48V), bitola 13 AWG
Secundário 2: (medidos 12 V), bitola 22 AWG
Fiz as seguintes estimativas
Usei uma densidade de corrente de 2,5 A/mm
2 e considerei rendimento de 100% para facilitar as contas, afinal é só uma estimativa....
Seção do ferro: 40 cm
2(1) Potência do Trafo (capacidade do núcleo): 1454 Watts
(2) Capacidade do Primário
Tensão: 110 V
Fio 17 AWG (I = 2,5 A)
Potência máxima admissível: 127 x 2,5 = 317 Watts
(3) Capacidade do Secundário de 45? / 48 Volts:
Tensão: 45 V
Fio 13 AWG (I = 6,6 A)
Potência máxima admissível: 45 x 6,6 = 297 Watts
(4) Capacidade do Secundário de 12 Volts:
Tensão: 12 V
Fio 22 AWG (I = 0,81 A)
Potência máxima admissível: 12 x 0,81 = 9,7 Watts
Conclusôes:
Como um trafo é uma máquina estática, a capacidade (potência) do primário deve suprir a potência do(s) secundário(s), e também as perdas. Assim, a capacidade do primário (317 W) está compativel com as potências dos secundários (297 W + 9,7 W), ainda havendo folga para as perdas.
Para a capacidade usual de corrente de 2,5 A/mm
2, o núcleo aparentemente está superdimensionado para a potência máxima (capacidade dos fios). Ou entâo, os fios estão subdimensionados para a capacidade do núcleo. Se aumentarmos a densidade de corrente dos fios, mais potência poderá ser "drenada" da rede, pois o núcleo "aguenta". Mas os enrolamentos podem aquecer demais e queimarem, causando curto. A capacidade de corrente dos fios aumenta se mais calor puder ser dissipado, ou seja, se o trafo for imerso em óleo, a coisa melhora, mas fica uma " melecada"
, pelo menos pra mim que sou eletrônico.
Concluindo, acho que o trafo é meio "esquisito", parace parrudo pelo ferro, mas aparentemente não é devido aos condutores utilizados. Pelos dados fornecidos, arrisco uma potência máxima de 317 Watts (primário), mas cuidado ao usar os secundários (não ligar em série esperando ter a corrente máxima em ambos), pois as capacidades de corrente sâo diferentes.
Mas apesar de tudo, se voce nâo conhece ou não confia no seu trafo, monitore a temperatura, e mantenha-a em valores aceitáveis (no máximo 50 C externamente), pois ela é que limita a vida do trafo, ou pode até queimá-lo.
Espero ter ajudado....
Abraços,