João,
Sou novo aqui no forum e estou estudando bastante para montar minha primeira CNC, como meu hobby é eletrônica, estou começando por ela.
Lendo esta imensidão de informações aqui do forum me deparei com uma questão que gostaria de esclarecer devido ainda estar na fase de projeto de minha CNC.
Gostaria de entender melhor este recurso de trabalhar com sobretensão nos motores de passo.
Trabalho dando aulas, especificamente na área de redes de distribuição de energia elétrica, e um fato que me preocupou foi a informação que "sobretensão não queima motor de passo".
Todo isolamento tem uma vída útil de acordo com seu projeto e quando aplicamos sobretensão em qualquer equipamento estamos aumentando o campo elétrico (esforço elétrico) sobre o isolamento. O campo elétrico degrada naturalmente o isolamento, e quanto maior mais rápido o isolamento perde suas características.
Normalmente a vida útil de motores sujeitos a sobretensões deveria cair bastante visto que teriamos um envelhecimento prematuro de seu isolamento.
Algum dos participantes pode me informar sobre a vida útil dos motores sob esta condição?
Qual é a expectativa de vida de um motor de passo trabalhando dentro dos valores para que foi projetado?
Obrigado,
João
Bom dia,
Um motor de passo possui várias fases (enrolamentos), geralmente de 2 a 5, que são acionadas sequencialmente, de acordo com a movimentação esperada. Sendo acionadas mais rápida ou lentamente, conforme a velocidade. Eletricamente, podemos considerar que cada fase possui uma componente resistiva e uma componente indutiva (reativa) em série.
Em baixíssimas velocidades a corrente numa fase é dada pela tensão e a resistência da fase. No entanto, ao acionar o motor em maiores velocidades, a componente reativa se opõe ao aumento da corrente, nesse caso, a tensão mais elevada ajuda a compensar a queda de tensão na componente reativa. Porém, em baixas rotações, a sobretensão poderia causar uma sobrecorrente, queimando o motor. Por isso, normalmente se usa tensões mais altas e um controle por corrente constante, através de PWM (pulse width modulation), por exemplo. Assim, o motor pode rodar numa faixa ampla de velocidades com eficácia, sem queima ou sobrecarga. Mas existem vários tipos de controle, além do PWM, mas o "modelo elétrico" do motor é a chave para entender a técnica utilizada.
A sobretensão não chega a ser tão alta a ponto de comprometer o isolamento do motor, que também é fabricado para operar em temperaturas de dezenas de graus ou um pouco mais e tensões na faixa de dezenas de volts ou um pouco mais.