Autor Tópico: Segurança das Ferramentas Manuais  (Lida 3975 vezes)

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Offline Alexandre Alex

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Segurança das Ferramentas Manuais
« Online: 16 de Fevereiro de 2008, 19:20 »
Ferramentas Manuais

A segurança e a eficiência comandam o design

Em algum momento pré-histórico, o antepassado do homem civilizado feriu-se com uma pedra em que a natureza esculpiu uma aresta mais viva.

Estimulado pelo dolorido acaso, seu cérebro primitivo comparou as dificuldades que tinha para cortar alimentos e abrigos e a facilidade com que a pedra feria. O resultado da comparação foi a primeira ferramenta que pôs o homem na trilha da moderna civilização. Manejada com a maior cautela possível, para evitar autoferimentos.

Nesta hipótese sobre a origem da primeira ferramenta, estão presentes algumas leis que governam a existência humana: a lei do menor esforço, que implica eficiência crescente, e a lei da autopreservação, que procura essa eficiência com a maior segurança possível.

Eficiência e segurança, da pré-história até hoje, são as balizas do desenvolvimento das ferramentas.

Novas abordagens

Os conceitos que inspiram a fabricação das modernas ferramentas manuais definem uma dupla abordagem: a ferramenta deve estar adequada ao trabalho, tanto quanto ao trabalhador. Ficam contra-indicadas, portanto, aquelas que demandam muito esforço muscular, por muito tempo, ou requerem posições incômodas.

Nesta linha de idéias, os estudos ergonométricos provam que qualquer empunhadura desviada mais de 30 graus em relação ao trabalho da ferramenta acarreta perda de eficiência, porque parte da força não é transferida para a ferramenta.

Os cabos das ferramentas também evoluíram, e se reconhece hoje que a madeira envernizada oferece uma ? pegada mais firme?.

O trabalho que será executado também precisa ser considerado na escolha do cabo da ferramenta. Alguns cabos de borracha, por exemplo, podem tornar-se viscosos, e outros, com bom material conductor, além dos riscos decorrentes de contato com material energizado, podem conduzir o frio para a mão do trabalhador, o que aumenta o risco de lesões acumulativas.

A mesma evolução recomenda:

A carga estática, ou seja, o trabalho de apenas sustentar a ferramenta ou manter uma postura, não pode superar 10% da força máxima do trabalhador. Como as ferramentas são produzidas em série, portanto a seleção e o treinamento do trabalhador são importantes condições para a operação adequada da ferramenta.

A especialização das ferramentas, seu design e seu material são definidos modernamente pelo tipo do trabalho a ser executado pelo operador e pelo produto/serviço que deve ser feito. Indústrias, processos e produtos que precisam evitar, por exemplo, contaminação de ambientes estéreis, devem recorrer a ferramentas de aço inoxidável.

Segurança: causas e prevenção

As ferramentas estão entre os fatores mais freqüentes dos acidentes no trabalho. Análises, estudos e levantamentos estatísticos realizados por instituições altamente respeitadas no setor mostram que as principais causas dos acidentes com ferramentas estão relacionadas às falhas humanas, e as mais graves e freqüentes são:

? Usar as ferramentas sem autorização.

? Trabalhar a ferramenta em velocidade insegura, proibida pela natureza do trabalho, pelas condições do trabalho ou em desacordo com as especificações do fabricante.

? Consertar ou fazer a manutenção de ferramentas energizadas.

? Usar ferramentas inadequadas ao trabalho.

? Ignorar os dispositivos de segurança.

? Assumir posturas impróprias.

? Ignorar os equipamentos de proteção individual disponíveis.

? Desconsiderar as condições do ambiente em que se realiza o trabalho.

Além de treinamento constante, campanhas permanentes de prevenção e redução de acidentes exigem informação clara e objetiva. O trabalhador precisa saber, por exemplo, que é importante:

? Organizar as ferramentas, porque isto permite identificar a falta de ferramentas abandonadas em locais onde podem provocar acidentes.

? Revisar o estado das ferramentas antes de iniciar o trabalho, escolhendo as que estiverem em condições de uso, enviando as defeituosas para a manutenção. Neste momento, é importante verificar a justeza dos cabos e encaixes.

? Transportar as ferramentas em caixas apropriadas.

? Evitar transportar no bolso ferramentas afiadas ou com pontas.

? Usar todos os equipamentos de proteção individual.

? Proteger-se contra eventualidades que podem ser consideradas raras, mas que têm conseqüências sérias. Proteger-se, neste caso, significa não usar ferramentas para testar circuitos elétricos, evitar o uso de anéis e pulseiras que podem provocar amputações e evitar cabelos muito compridos, por exemplo.

? Não brincar em serviço.

? Afiar regularmente as ferramentas de corte e movimentá-las sempre na direção oposta à do corpo.

? Tomar cuidado com as chaves de fenda, que são uma das ferramentas que mais causam acidentes. Na maioria das vezes, porque sua afiação foi inadequada e feita com rebolos de esmeril, em vez de limas.

As ferramentas elétricas ainda exigem cuidados adicionais. Com elas é preciso proteger-se contra choques ou eletrocução, através de isolação dupla, interruptores e tomadas de três pinos. É importante, também, não operá-las em pisos alagados e úmidos. As ferramentas elétricas danificadas devem ser claramente identificadas com o aviso NÃO USAR.

Design Básico
O uso das ferramentas no ritmo da produção industrial mostrou a importância da dupla perspectiva do trabalho e do trabalhador no design das ferramentas.

Quando essa dupla perspectiva é ignorada, são prejudicadas a saúde do trabalhador e ?a saúde? do produto, ou seja, sua qualidade. Para garantir uma e outra, o design tem procurado:

? Limitar o peso da ferramenta a 1 kg.

? Alinhar o centro de gravidade da ferramenta ao centro da mão.

? Substituir ferramentas manuais por manuais-elétricas.

? Desenhar a empunhadura como se a ferramenta sempre fosse elétrica.

? Desenhar a empunhadura de forma que o ângulo com a ferramenta favoreça a transferência da força.

? A empunhadura deve ter seção cilíndrica ou oval de 30 a 45 mm de diâmetro.

? Para trabalhos de maior precisão, o diâmetro recomendado é de 5 a 12 mm.

? Os gatilhos devem ter no mínimo 50 mm para permitir o uso de mais dedos e evitar o superuso do indicador.

? Usar materiais antideslizantes na empunhadura.

Considerar, sobretudo, que a fase do design é o único momento em que se pode reduzir a vibração da ferramenta.

Ergonomia e Design

Uma indústria que pretenda oferecer ferramentas eficientes, adequadas tanto aos ambientes em que o trabalho será realizado, quanto às exigências de segurança e saúde do trabalhador, precisa apoiar-se nos critérios oferecidos pela ergonomia e pelo design combinados.

O termo ergonomia apareceu na Europa em meados do século 19, mas seu estudo científico demorou mais um século e só foi institucionalizado com a fundação, na Inglaterra, da Ergonomics Research Society, e, a partir daí, incorporou-se ao trabalho dos designers.

Esta aproximação com a ergonomia permitiu ao design expandir suas funções para além da estética. Os dois - ergonomia e design - tornam-se hoje indispensáveis desde o primeiro momento do projeto para que a ferramenta tenha sucesso no mercado globalizado.

O design centrado no usuário e otimizando a forma para uma determinada função contribui para a redução dos custos e aumento da eficiência. Já existem exemplos de ferramentas em que o diferencial mercadológico está no design e apenas subsidiariamente na fabricação.

Centrar o projeto da ferramenta no usuário ou na tarefa tem dividido as opiniões e criado ?a ergonomia européia? e ?a ergonomia americana?. Esta divisão é considerada hoje bastante artificial, desde que as duas tendências são complementares e a ênfase do projeto depende de cada caso.

A globalização do mercado, contudo, trouxe uma necessidade maior de informações sobre o perfil do trabalhador usuário da ferramenta. Essa customização das ferramentas, em relação às características específicas do mercado, é hoje indispensável a quem pretende exportar seu produto.

A renovada preocupação com o usuário convive com as permanentes necessidades de reduzir tamanho, reduzir peso e aumentar a resistência.

Testes e Resultados

O Inmetro desencadeou, a partir de 2002, uma série de ensaios com as ferramentas manuais mais usadas. Os objetivos de seu ?programa de análise de produtos? eram informar o consumidor brasileiro sobre a adequação dos produtos às normas técnicas, subsidiar a indústria brasileira no seu esforço para melhorar a qualidade e identificar as diferenças entre produtos nacionais e importados.

Os ensaios não tinham a finalidade da certificação ou aprovação de marcas ou modelos, mas seu resultado indica a tendência do setor em relação à qualidade.

Quatro amostras de cada fabricante foram testadas, e a prioridade foi dada às ferramentas de uso intensivo: martelo, alicate e chave de fenda.

No caso das chaves de fenda, foram ensaiadas ferramentas fabricadas na China, Estados Unidos e Brasil. O primeiro ensaio foi a verificação das marcações. Uma chave de fenda deve trazer gravados na própria ferramenta, e não apenas na sua embalagem, a largura da ponta, o comprimento da haste e a marca do fabricante.

Do total de 15 marcas, apenas 33% estavam conformes à norma. Os outros 66% não tinham qualquer informação ou informações parciais.

O material do cabo, de maneira geral, esteve conforme à norma.

Quanto ao acabamento da superfície, 33% das marcas foram consideradas não-conformes, o que significa que possuíam rebarbas e/ou trincas e/ou fissuras ou, ainda, não tinham proteção anticorrosiva.

A resistência à torção ? característica crítica dessa ferramenta ? nao estava conforme em cerca de 50% das marcas. Quanto às características dimensionais importantes para o manuseio da ferramenta, a não-conformidade foi total: 100% das marcas falhavam em pelo menos uma das dimensões verificadas.

Considerando todas as 15 marcas e as 120 verificações realizadas com elas, concluiu-se que existiam 36,6% de não-conformidades, distribuídas de tal forma que nenhuma marca pôde ser considerada conforme à norma. Importante, contudo, foi descobrir no conjunto testado a superioridade das marcas nacionais sobre as importadas.

O processo foi repetido com as marcas de martelos e alicates universais. Quinze marcas de alicates foram testadas e um total de 60 testes realizados. As não-conformidades alcançaram 96,6% das características testadas.

Quanto aos martelos, foram analisadas as marcações, o acabamento da cabeça e do cabo, o encabamento, a dureza e a massa e as dimensões. Das 120 verificações realizadas no total, 40 mostraram não-conformidade, ou seja, 33,3%. As não-conformidades se distribuíram de tal forma que nenhuma marca pôde ser considerada conforme. O grande problema esteve na verificação dimensional. Nenhuma das marcas teve todas as suas dimensões aprovadas. A partir dessas descobertas, o Inmetro, em cooperação com os órgãos e as empresas industriais, iniciou um programa de desenvolvimento dos produtos nacionais.

Alvaro

  • Visitante
Re: Segurança das Ferramentas Manuais
« Resposta #1 Online: 30 de Outubro de 2008, 15:14 »
A cerca de 5 anos atrás, uma pessoa que morava perto da minha casa e tinha uma pequena oficina mecanica como hobby estava fazendo um pequeno serviço de manutenção em sua residência. Estava trabalhando com uma lixadeira SEM A PROTEÇÃO.....infelizmente o disco da lixadeira quebrou e os estilhaços atingiram o abdômen dessa pessoa, imediatamente ele foi levado ao pronto socorro e internado logo em seguida. Dois dias depois ele veio a falecer devido a uma infecção generalizada, pois os fragmentos do disco cortaram parte do intestino. Portanto, nunca devemos retirar a proteção de alguma máquina sem antes estar ciente do risco que podemos correr. Caso ele estivesse usando uma capa protetora talvés isso não teria somente passado de um susto.

 

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