Meu primeiro "torno" eu fiz com peças que eu já tinha: um eixo de serra à guisa de cabeçote e uma morsa coordenada como barramento e carro. Redução com polias, tudo montado em uma estrutura de aço. A única coisa que comprei foi uma plaquinha 100mm.
Quebrou um galho pra fazer várias buchinhas, polias etc., mas a principal utilidade foi ver o quanto eu precisava de um torno de verdade (taí a "precisão" dele
).
Um torno feito assim não tem:
- avanços automáticos
- roscas
- contra-ponta (com avanço, essencial para travamento e para fazer furos)
- carro superior com ajuste do ângulo para atacar a peça
- gama de velocidades para ajustar a velocidade de corte
e muitos outros recursos.
Sem falar nos problemas de rigidez (ex. a menos que seja uma espessura gigantesca, esse barramento tem péssima rigidez torsional), batimento no cabeçote, folgas nas guias etc.
Sem desmerecer o valor do aprendizado, se/quando você perceber que precisa de um torno de verdade, tudo o que você fez não tem nenhum valor de revenda - para qualquer outra pessoa, é sucata.
Eu iria atrás de um torno usado - é mais fácil pegar um torno destruído e reformá-lo do que fazer um do zero. E o resultado final é muito superior, e o valor de aquisição mais pelo menos parte do que você gastou para melhorar é recuperado se vender.
Mas se for mesmo fazê-lo, tentaria fazer da forma mais econômica possível:
- sem contra-ponta, não adianta um barramento longo. A peça mais longa que vai conseguir tornear é de uns 20 cm, se tanto.
- tente fazer as reduções somente com polias, e use um motor de 4 polos (1700rpm), ou se você tiver trifásico, use um de 6 polos (é o que eu prefiro nestas máquinas), procurando encontra em ferro-velho. Isso já diminui bastante a redução necessária.
- use bronze somente trabalhando contra superfícies de bom acabamento superficial (retificado ou fresado com capricho), caso contrário "come" rápido. Eu apenas fresaria e usaria aço contra aço, por ser muito mais barato.
Creio que o mais crucial é garantir que as 2 guias (pontas superiores do I) sejam rigorosamente paralelas (coisa de 1 centésimo no comprimento) e de espessura igualmente uniforme. Caso contrário, o ajuste de folga para um ponto significa interferência ou jogo em outro.
A automatização resolve alguns problemas (roscas e avanços, necessidade de ângulo no carro superior), mas não todos. E creio que um torno para automatizar seria melhor de outra forma (guias lineares, fusos mais adequados etc).
Não estou querendo atrapalhar - se você for mesmo fazer, certamente vai ser muito instrutivo e vai poder ser usado pra várias coisas, mas tente manter o custo lá em baixo pra não lamentar depois o que gastou.
Ou gaste em peças que podem ser úteis depois (ex: um inversor de R$300 para as velocidades, ao invés de $300 em peças para redução/ajuste de velocidades etc.)