Fazer roscas cegas, internas sem saída ou externas com pouco alívio, é realmente um problema, fora o fato de ter que utilizar velocidades muito baixas para o bom desempenho da ferramenta.
Infelizmente, são raros os tornos que oferecem solução para esse problema, de maneira eficaz. Um é o Hardinge HLV (em minha opinião, de longe, o melhor torno jconvencional á fabricado até hoje), o outro o Cazeneuve HBX (ou sua cópia Romi HBX), pois ambos possuem preset para desengate do carro ao final da rosca, permitindo o retorno sem desengate. Não há dial de roscas e roscas de multiplas entradas são possíveis com o deslocamento lateral do carro porta ferramentas, combinado com um disco de divisões que é montado no flange da placa para posicionamento do ponto de engate inicial do fuso de avanço. Nesse tornos, é possível roscar a 1000 RPM sem medo de ser feliz. O Haulin, francês, também possuia a opção de um acessório para converte-lo no mesmo sistema de roscagem.
Em mais de 40 anos frequentando oficinas, no Brasil só ví dois Hardinges HLV, um em uma escola técnica e o outro aqui na Starrett em Itu... O HBX é uma máquina de porte médio, grande demais para uso doméstico e o Haulin... nunca soube da existência de um no Brasil.
Ma há duas formas de resolver isso de maneira... mais ou menos... doméstica... em pequenos tornos.
A primeira, melhor, é alterar o fuso de avanço do torno e instalar um sistema de engate por chaveta, o chamado "single dog clutch" que irá desengatar mediante um stop regulável. Pretendo fazer isso em um torno 9x20 chinês que está aguardando para ser instalado ainda.
A outra possibilidade é usar um relógio comparador eletrônico que possui saida on-off, como alguns da Starrett e Digimess, destinados a retíficas ou ainda um fim de curso, os quais, ligados a um ampop, podem acionar um contator e desliga o motor do torno. Neste caso, porém, há dois inconvenientes: a inércia do eixo, que continuará girando, e que fará com que o carro continue avançando por alguns mm, o que pode ser compensado mediante o posicionamento avançado do fim de curso ou comparador. O outro problema é a desaceleração da velocidade de corte nesse espaço.
No caso específico de alguns tornos 9x20 ou semelhantes (Manrod, Jet, Harbour Freight, Grizzly, QB Series, etc) que utilizam transmissão entre o motor e a árvore por meio de correia externa ao cabeçote, há ainda a possibilidade de acoplar uma embreagem eletromagnética com ou sem freio. Se com freio, todos os problemas estão resolvidos... Exceto o risco da placa desenroscar se o acoplamento for por flange roscado. Infelizmente, o preço de embreagens eletromagnéticas por aqui, é absurdo.