Marcio,
Acredito que esta parte do teste que você desvreve é a parte final, onde se está experimentando o resultado de uma verificação prévia e de alguma correção que teria sido feita tanto no cabeçote, como no contra-ponta...
Penso que se é necessário o seguinte:
- Uma barra redonda:
Seu comprimento deve ser de uns 2/3 do comprimento útil do barramento;
Ela deve ter um só diametro em todo seu comprimento - se não tiver, será necessário um micrometro;
A barra não precisa ser perfeitamente "reta" - por exemplo pode-se usar uma haste de amortecedor de carro, ou uma barra de aço-prata...
- um relógio comparador (ou apalpador)
As extremidades da haste devem ser retas
- Um meio de segurar o relógio comparador (ou apalpador) sobre o carro transversal do torno para medições de altura do centro do torno
- para fazer um alinhamento vertical: um meio de prender o relógio diretamente por cima ou por baixo da barra mantendo o eixo do torno
- um meio de fixar a barra no torno (pinça, placa de 3 castanhas, etc...)
Nota: se houver alguma excentricidade ou no eixo do torno ou mesmo na barra, não influenciará em nada os testes...
O que não é necessário:?
O contra ponta, uma barra perfeitamente reta, ou nenhuma outra peça ou ferramenta do torno.
Alinhamento Horizontal:
1) prenda a barra na placa
2) montar o relogio com uma base magnética por exemplo em cima do carro transversal, de forma que ele fique na altura do centro do eixo
3) posicione o relógio perto da placa, mantendo o centro
4) gire manualmente a placa e anote a maior e menor deflexão do ponteiro
5) tire a média das duas medidas (some-as e divida por dois) para obter a "média perto da placa". Se suspeitar que a barra não tem um diametro constante, meça o diametro neste ponto e subtrais metade dele da média, e anote este valor.
6) mova o carro até a outra extremidade da barra.
7) repita o procedimento, girando a placa manualmente, e anote as deflexões
tire a média das duas medidas (some-as e divida por dois) para obter a "média perto da extremidade". Se suspeitar que a barra não tem um diametro constante, meça o diametro neste ponto e subtrais metade dele da média, e anote este valor.
9) A diferença entre a medida da "média perto da placa" e da "média perto da extremidade" será a medida do desalinhamento do centro do eixo do torno em relação ao barramento (na horizontal)
10) em alguns casos, quando o torno está montado sobre uma bancada bem rígida e esta diferença é relativamente pequena, pode-se calçar um dos pés do barramento em contato com a bancada para tentar diminuir esta diferença. É como se tentasse "torcer" o barramento para um lado ou para o outro.
Repita a medição a partir do passo 3 e verifique se a medidda diminuiu - se diminuiu, pode-se ir ajustando estes calços até que a medida seja a menor possível...
Se o cabeçote for postiço do barramento, pode-se tentar calçar o cabeçote em relação ao barramento, e não os pés...
Para alinhamento Vertical:
1) prenda a barra na placa
2) montar o relogio com uma base magnética por exemplo em cima do carro transversal, de forma que ele fique por cima (ou por baixo) da barra de testes e bem no centro dela
3) posicione o relógio perto da placa, mantendo o centro
4) gire manualmente a placa e anote a maior e menor deflexão do ponteiro
5) tire a média das duas medidas (some-as e divida por dois) para obter a "média perto da placa". Se suspeitar que a barra não tem um diametro constante, meça o diametro neste ponto e subtrais metade dele da média, e anote este valor.
6) mova o carro até a outra extremidade da barra.
7) repita o procedimento, girando a placa manualmente, e anote as deflexões
tire a média das duas medidas (some-as e divida por dois) para obter a "média perto da extremidade". Se suspeitar que a barra não tem um diametro constante, meça o diametro neste ponto e subtrais metade dele da média, e anote este valor.
9) A diferença entre a medida da "média perto da placa" e da "média perto da extremidade" será a medida do desalinhamento do centro do eixo do torno em relação ao barramento (na vertical, para a direta ou esquerda)
10) Para corrigir o problema, e dependendo da diferença,pode-se ou calçar os pés do torno ou se o cabeçote for postiço, calçar entre o cabeçote e o barramento, e repita as operações até que se obtenha as menores deflexoes e diferenças...
Porque o método funciona?
Porque a barra atua como um came.
Com uma barra perfeitamente reta presa em uma placa (ou pinça) perfeitamente concentrica, ela estará concentrica ao eixo principal.
Como não vivemos em um mundo perfeito, sempre haverá uma diferença entre o centro da barra e o centro do eixo principal.
Em qualquer lugar ao longo da barra que se pegue as medidas (no centro do "came" representado pela barra), sempre haverá uma distância desconhecida entre o centro do eixo principal e o centro da barra.
Se a gente chamar esta distancia de "X", quando se gira a barra e se enconta a parte mais alta, poderemos dizer que é = "raio da barra + X".
A medida menor portanto será = "raio da barra - X". A média será:
((raio da barra + X) + (raio da barra - X)) / 2 =
então
((raio da barra + raio da barra) + ( X - X)) / 2 =
então
(2 * raio da barra) / 2 =
então
= raio da barra
Isso quer dizer que o valor e a direção do desvio não tem influência no resultado final.
Portanto, não importa se a barra for levemente empenada ou se a placa não estiver exatamente centada...
Nota:
Este método só mostra os desvios horizontal e vertical entre cabeçote e barramento, mas não mostra por exemplo possiveis desgastes do barramento, que gerariam uma peça cônica durante as usinagens.
Vou ver se depois faço um outro tutorial sobre o que fazer para verificação de desgastes e empenamentos de barramento, pois há outros testes importantes a serem executados...