Autor Tópico: Quando um Sanches Blanes é completo?  (Lida 17549 vezes)

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Offline Ivan

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #15 Online: 10 de Março de 2009, 20:55 »
Miyamura,
esses preços são para peças novas para os Joinville/Riosulense.
A Riosulense comprou o ferramental da Joinville na década de 80 e passou a fabricar os tornos até a década de 90 (quando não aguentou mais a concorrência com os chineses e fechou essa linha). Mas ainda tem peças de reposição 0km por esses preços.
Coloquei em outro tópico o manual do Riosulense (que tem a numeração das peças que eles usam como referência) e o telefone deles. Quem cuida disso é o Sr. Osni, ex-encarregado da linha de produção de tornos.

Offline Ivan

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #16 Online: 10 de Março de 2009, 21:21 »
Miyamura,
o que vc está procurando exatamente?
De vez em quando aparece um Schaublin por aí...
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-90490868-_JM
Ou tá procurando coisa maior?

Me parece que as melhores oportunidades aparecem em jornais de segunda mão ou no boca-a-boca. Mas até MercadoLivre, www.balcao.com.br, www.superbid.com.br e www.deseulance.com. br tem preço melhor que Piratininga...

Offline miyamura

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #17 Online: 10 de Março de 2009, 23:04 »
Bom saber. As vezes da pra adaptar (principalmente engrenagens de recambio) em outro torno.

Sobre o que procuro, é algo bem especifico.

Eu ja tenho um torno muito bom e reformado (um hermes new baby) que tem 1 metro usinavel entre pontas e 400 de diametro.

O que pega é que preciso de um torno deste mesmo tamanho ou maior e aceite um jogo de pinças e tenha mais passos pra rosca na caixa norton (o meu tem, mas só 16 velocidades em milimetro). Eu ja arrumei todas as engrenagens pra fazer os passos em polegada, mas para minha atividade ficar perdendo tempo trocando engrenagens a todo momento é o mesmo que rasgar dinheiro.

Esse que vc postou é muito pequeno.

Vi um tos no mercado livre (alias, qualquer tos desse porte serve, é de longe a melhor marca que ja trabalhei apesar de antiga as suas maquinas são mecanicamente perfeitas e altamente possiveis de modernização) mas pra pegar ele, preciso antes vender minha freza natal numero 1 e meu torno, por isso procuro alguma loja pra ver se consigo usa-las como moeda de troca.

Pra ter uma ideia segue uma foto do meu antes da reforma (retifiquei barramento e rasqueteei os carros, troquei todos os fusos e porcas, pintei com epoxy, rolamentos, etc...).

http://www.miyamuradesign.com/torno.JPG
Quando um Sanches Blanes é completo?


Offline Ivan

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #18 Online: 10 de Março de 2009, 23:44 »
Miyamura,
legal seu torno. É bem robusto, e parece adequado pra trabalhar com velocidades mais altas.
Não tem como adaptar pinças nele? Como é o nariz dele?

Se vc usa mais roscas em polegada, o idal seria um com fuso em polegada, não? Ou então ir para um torno um pouco mais moderno e 100% automatizado, como um Romi. Pq num TOS antigo o problema não seria exatamente o mesmo? (os que vi tbm eram em mm e precisavam de troca para roscas em polegada)

Torno de precisao nesse tamanho, o ideal era um Monarch 10EE (ou um Hardinge HLV, ou coisa parecida). Já vi Monarch vendendo em leilão.

Vc nao tinha uma fresadora antiquíssima (deckel?) e um imor relíquia pintado de azul?

Offline miyamura

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #19 Online: 11 de Março de 2009, 00:12 »
Ele é muito bom, mas pra isso eu já verifiquei e teria que trocar o eixo arvore. Isso por si só não seria um problema, mas esqueci de citar outro detalhe. A passagem no eixo arvore dele é de 28mm e preciso que passe pelo menos 32mm.

Ele chega (orginal de fabrica) a 1300 rpm, velocidade muito boa pra epoca (o romi s20 vai só até 1000 rpm pra ter uma base).

Eu uso em igual intensidade roscas em mm, alguns tos tem o recurso de mudança de mm pra polegada na alvanca, sem precisar mexer no recambio.

Pode parecer contraditório, mas uma maquina automatizada pra mim não seria a melhor opção (fora que uma parte de mim quer manter a oficina vintage  ;D)

Esses que vc citou seriam ótimos, ou até mesmo um South Bend de precisão (ja vi alguns por aqui), mas é quase impossivel de achar.

Faz uns 4 meses que to rodando toda a cidade e todos os leilões imaginaveis.

Quanto as outras maquinas, eu ainda tenho elas.

Descobri a pouco tempo que a fresadora é uma brown & sharp. Fiz a descoberta quando eu desmontei ela inteira pra fazer a reforma. Todos os eixos  e algumas engrenagens tinham o nome gravado, assim como a origem. Os logotipos que parecem da frederic deckel são de uma empresa que trocou a porta (não é a orginal) e colocou a caixa engrenada (ela era originalmente de varão). Só como curiosidade a data estampada no fundo dela é de 1883.

Essa máquina é de estimação e o único item da oficina que não me desfaço por nada. Eu mandei rasquetear todos os carros e barramento e retificar a mesa. Fiz um novo cabeçote de aço 8640 temperado pra cone iso 30 e usei rolamentos conicos pra substituir as buchas de bronze. Agora to fazendo um novo eixo arvore e, apesar de parecer sacrilégio, substituindo o sistema de correia plana por um de  polias em v. Isso vai permitir velocidades maiores 9fiz isso anteriormente com muito sucesso numa natal nº1. Acho incrível como essas fresadoras antigas permitem vc modifica-las e aumentar suas capacidades. Coisa que acho mais dificil nos tornos.

fotos de depois de rasquetear e fazer geometria:








Miyamura,
legal seu torno. É bem robusto, e parece adequado pra trabalhar com velocidades mais altas.
Não tem como adaptar pinças nele? Como é o nariz dele?

Se vc usa mais roscas em polegada, o idal seria um com fuso em polegada, não? Ou então ir para um torno um pouco mais moderno e 100% automatizado, como um Romi. Pq num TOS antigo o problema não seria exatamente o mesmo? (os que vi tbm eram em mm e precisavam de troca para roscas em polegada)

Torno de precisao nesse tamanho, o ideal era um Monarch 10EE (ou um Hardinge HLV, ou coisa parecida). Já vi Monarch vendendo em leilão.

Vc nao tinha uma fresadora antiquíssima (deckel?) e um imor relíquia pintado de azul?

Offline Ivan

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #20 Online: 11 de Março de 2009, 23:36 »
Miyamura,
parabéns pelas máquinas! É impressionante ver uma máquina com mais de um século funcionando...

Só pra esclarecer, o que vc tá chamando de "de precisão"?
Os americanos chamam de "toolroom lathe" tornos com maior robustez (para seu tamanho), fabricados com tolerâncias mais estreitas (as normas de aprovação são um pouco mais exigentes) e normalmente vêm com alguns acessórios adicionais (porta-pinças, jogo de pinças, acessório para cones). Ainda tem o que chamam de "precision toolroom lathes", que além dos anteriores trabalham com velocidades mais altas, têm tolerâncias ainda mais apertadas e algumas outras viadagens, como meios para isolar vibrações do grupo motor/redutor. Nesta última categoria, costumam se encaixar uns poucos, como os Hardinge, Monarch, Schaublin, Rivett...  dos TOS, entendo que somente uns poucos, e todos menores do que aquele gigante do ML (neste tamanho, entendo que as tolerâncias já são mais abertas).
E, obviamente, em uma máquina usada isso depende de toda a sorte de desgastes...

O que vc quer dizer com "South Bend de precisão"?

Voltando ao assunto peças, um Romi não é melhor nesse aspecto?

Offline miyamura

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #21 Online: 12 de Março de 2009, 10:14 »
Valeu!

O South Bend de precisão é exatamente o que vc falou, um "toolroom lathe"... aqui o pessoal não reconhece muito isso.

QUando falei do tos é pq eles tem uma contrução de barramento com o prisma muito robusto, com uma boa dose de trabalho minucioso vc consegue deixar um TOS com uma precisão MUITO BOA! Sei pq a uns anos atras eu já fiz uma recuperação do tipo: retifica dos barramentos, troca de reguas e rasqueteamento dos carros, confecção de novo mangote, troca das buchas de bronze por rolamentos, troca do eixo arvore, melhor nos sistemas de fusos (fiz adaptações de pequenos rolamentos de contato em todos eles) troca da maior parte das engrenagens.

Não sai barato, mas tenho ferramental e acesso a maquinas como plaina de portal com cabeçote retificador.

Esse tos estava perfeitos, mas infelizmente tive que vende-lo pra cobrir dividas.

O romi até seria uma boa, mas o preço de um ID20 usado que seria o mais indicado para o que eu quero ultrapassaria bastante o que gastaria com um tos por exemplo + reformas.

Uma coisa que me incomoda um pouco nos tornos desse porte nacionais é que o Romi tem o barramento estreito e os nardini mascote tem uma qualidade inferior de materia prima e precisão.

Como da pra ver, sou bem chato... hehehe

Só pra ilustrar melhor o que se passa, eu preciso fazer com muita frequencia machos e cossinetes com niveis de precisão altissimos. Faço tb muitos dispositivos pra construção de quadros de bicicleta pra competição, a tolerancia de desalinhamento desses quadros é de apenas 0,05mm de ponta a ponta.

Miyamura,
parabéns pelas máquinas! É impressionante ver uma máquina com mais de um século funcionando...

Só pra esclarecer, o que vc tá chamando de "de precisão"?
Os americanos chamam de "toolroom lathe" tornos com maior robustez (para seu tamanho), fabricados com tolerâncias mais estreitas (as normas de aprovação são um pouco mais exigentes) e normalmente vêm com alguns acessórios adicionais (porta-pinças, jogo de pinças, acessório para cones). Ainda tem o que chamam de "precision toolroom lathes", que além dos anteriores trabalham com velocidades mais altas, têm tolerâncias ainda mais apertadas e algumas outras viadagens, como meios para isolar vibrações do grupo motor/redutor. Nesta última categoria, costumam se encaixar uns poucos, como os Hardinge, Monarch, Schaublin, Rivett...  dos TOS, entendo que somente uns poucos, e todos menores do que aquele gigante do ML (neste tamanho, entendo que as tolerâncias já são mais abertas).
E, obviamente, em uma máquina usada isso depende de toda a sorte de desgastes...

O que vc quer dizer com "South Bend de precisão"?

Voltando ao assunto peças, um Romi não é melhor nesse aspecto?

Offline Ivan

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #22 Online: 13 de Março de 2009, 10:27 »
Não sai barato, mas tenho ferramental e acesso a maquinas como plaina de portal com cabeçote retificador.
Aí é covardia...Com quanto de curso?

Só por curiosidade, esses machos e cossinetes, por que vc precisa fabricar (e não compra pronto)? Economia, precisão, disponibilidade? E por que a tolerância tão apertada?
Faz em que, aço prata? Quem faz o tratamento térmico?

Offline marc0

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #23 Online: 13 de Março de 2009, 10:50 »
Grande Ivan;

Sempre muito estudioso e preciso em sua colocações, eu tenho um conhecimento prático, chão de fábrica; fico adimirado com o seu conhecimento técnico e histórico, coisa de aficcionado.
Endosso sua indagação (0,05 em +- 2m; estranho ehim, meu calibre tesa de 20cm só vai até 0,1).

Abraços....

Offline F.Gilii

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #24 Online: 13 de Março de 2009, 10:59 »
Tomei a liberdade de copiar uma imagem do sítio do Igor para mostrar uma parte do processo de feitura de um quadro de competição...

Ele usa tubos de aço de paredee extremamente fina (0,3mm)...

Vejam a qualidade dos encaixes...



Offline marc0

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #25 Online: 13 de Março de 2009, 11:53 »
Olá Fábio;

Alinhamento pré solda é uma coisa, eu tb faço uns encaixes em tubos de inox (atualmente é meu carro chefe) e procuro o melhor ajuste e alinhamento, e depois da solda tem o prob. das deformações, tensões e contrações que exige novos ajustes, cada caso é um caso, as coisas precisam ser bem colocadas, meu endosso ao questionamento do Ivan é referente ao preciosismo de 0,05 para um quadro leve devido à dilatação termica e elasticidade dos materiais. Como ilustração; o coeficiente de expansão termica do aço comum é de 11,7 10-6 (C°)-1, o módulo de elasticidade é de ~20 GPa, o limite de escoamento é de cerca de 36 kgf/mm2. Um fio de aço de ø 2 mm x 1 m, com carga de 60 kg, fica ~1 mm maior.

Não questiono a técnica ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelo miyamura, alias pelo visto muito bons; só queria entender o critério da tolerância adotada e quais os parâmetros exigidos. Alias gostaria de saber sobre o processo de solda utilizado e qual o reflexo disso no alinhamento de 0,05.

Abraços...

Offline F.Gilii

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #26 Online: 13 de Março de 2009, 12:01 »
Marcos,

A minha curiosidade está no fato de saber se depois dos tubos soldados ele submete o quadro - ou as soldas - a algum tratamento térmico para aliviar as tensões...

Acredito que as tolerâncias centesimais sejam apenas de posicionamento (ou geometria) e não de módulos de elasticidade ou de coeficientes de dilatação, até porque isso seria meio difícil de calcular numa treliça como um quadro desses...

Mas esta, é só minha opinião e curiosidade. :)
Não questiono o conhecimento de ninguém...

Offline miyamura

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #27 Online: 13 de Março de 2009, 12:07 »
Os machos e cossinetes usados no central do quadro por exemplo tem 24 fios por polegada a 60 graus num tubo de 1,2mm de parede (feito com inox 316 e em alguns casos aço 4130), sendo uma direita e outra esquerda. Esse padrão não é comum no mercado e mandar fazer sai a cerca de 1500 reais cada e comprar um da parktools (melhor fabricante de ferramentas pra bike) sai 2800 reais o par... pelo menos 2 x por ano eu fabrico um novo pra mim e tb faço pra algumas oficinas que precisam da ferramenta. Uso aço rápido pra ferramenta que vende normalmente em lojas de aço e o tratamento tem um senhos que faz pra mim em diadema.

A tolerância é apertada mesmo, o quadro quando feito dessa maneira tem que ser perfeito, até mesmo pelo preço que é cobrado. A diferença de 0,05 é medido de ponta a ponta do quadro, se refere que da caixa de direção até as pontas das gancheiras vistas pela esquerda e pela direita o alinhamento não pode permitir essa diferença. A solda que faço é com prata 45% pra evitar distorções, mesmo assim um alinhamento fino sempre é nescessário quando terminado. Ele é feito com blocos padrão e um relógio comparador.

Quanto a plaina que tenho acesso, é de um amigo que faz um bom preço pra mim, tem 3m de curso.

Offline marciocastanho

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #28 Online: 13 de Março de 2009, 20:02 »
Boas!!!!

Alguém poderia conseguir algumas fotos em alta resolução das plaquinhas de tabelas de roscas  do sanches blanes???

Me ajudaria também fotos das engrenagens e da cx norton por dentro....


Amanhã vou ver um sanches sem as placas de tabelas, quem sabe dá negócio...

Um abraço
Márcio

Offline miyamura

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Re: Quando um Sanches Blanes é completo?
« Resposta #29 Online: 14 de Março de 2009, 08:35 »
A tolerancia se refere a parte interna das gancheiras em relação ao tubo da caixa de direção, conforme desenho em anexo.

Há poucas torção e repuxo por eu usar prata 45% ou mais na solda e MUITO POUCO CALOR, isso faz toda a diferença.

A parte interna da caixa de direção e face interior das gancheiras são usinadas para permitir esse ajuste.

Como a prata gruda com muito pouco calor o tratamento termico fica desnecessário. Alias, os tubos vem dos usa e inglaterra temperados. O tratamento não é usual em quadros de aço desse tipo.

Segue um esquema do alinhamento para ilustrar melhor:

http://www.miyamuradesign.com/alinhamento.jpg
Quando um Sanches Blanes é completo?


Até mais

 

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