Roberto,
algumas opiniões, de forma não muito resumida
:
considerando que o barramento está legal - ou mesmo que não esteja, que você não vai mexer nele. Assim, por definição, o barramento está "bom".
Em primeiro lugar, como sugeriu o Rubens, é importante ter medições confiáveis. Não sei se você tem um relógio, mas algumas sugestões de testes abaixo. Existem mil maneiras de preparar Neston, são só exemplos:
- relógio fixo no barramento indicando a base do castelo (com este removido), movimenta o carro e vê se a base do castelo está realmente com a bunda empinada (confirmando o desgaste frontal inferior do carro)
- barra montada no castelo (como na sua foto), relógio fixo no cabeçote, indicando a parte superior da barra. Vai movimentando o carro e observando o movimento. De preferência, toma nota em 3 pontos. Gira a barra 90 e 180 graus e vê se a tendência repete (se não é a barra - aí ou trabalha com médias ou arruma outra barra). Este confirma o teste anterior, mas inclui o castelo.
- Repete o anterior, mas com o relógio na horizontal, indicando um dos lados da barra. Este indica o ângulo de desalinhamento lateral do carro (o ângulo, não o tamanho do desgaste).
- barra curta montada no castelo, relógio preso ao eixo-árvore (de modo a girar com ele), indicando perpendicular à barra, o mais próximo possível do castelo. Gira o eixo, a diferença entre 0 e 180 graus é o quanto está fora de centro na horizontal, a diferença entre 90 e 270 é o quanto está fora de centro na vertical. Este mesmo teste pode ser feito de forma mais simples visualmente ou no paquímetro com uma peça no eixo-árvore e outra no cabeçote. O importante é que a referência no castelo seja a mais curta possível.
Se constatada a tendência que você viu, entendo que estamos falando de 3 coisas no carro:
- Desgaste na parte inferior, mais acentuado na frente, que deixa ele baixo e "caindo".
- Desgaste na guia rabo-de-andorinha, que deixa ele fora de centro (na horizontal). Não sabemos se o desgaste é uniforme ou mais acentuado na frente (mais provável).
- Desgaste na régua, que prejudica a rigidez desta.
Destes, o menor problema - e, na minha opinião, o último a merecer atenção - é a régua. Por ser ajustável, ela se "molda" à situação do carro, mesmo no estado em que se encontra. E se os outros problemas não existissem, provavelmente você poderia conviver com ela do jeito que está. Colocar uma régua nova e mais espessa pode até deixar ele mais firme - só que torto.
Existem 2 abordagens: acertar a geometria usinando e calçar o que for necessário, o que exige ferramentas para usinar, meios para diversos testes de geometria etc. ou então preencher com um revestimento moldável.
Para esta última, seria necessário fazer um gabarito para posicionamento, ajustar a posição, aplicar o moglice (ou similar), deixar curar, remover, limpar o que precisar e pronto. Aí sim você veria a régua.
O gabarito consistiria de 4 bloquinhos (alumínio, por exemplo), fixados 2 na face frontal e 2 na traseira, em cada um deles vai 2 parafusos de latão: um empurrando a guia horizontal do barramento e o outro empurrando a face do rabo-de-andorinha. Se no seu caso não for possível usar bloquinhos, pode abrir 8 furos passantes com rosca no carro, próximos às extremidades, 4 verticais e 4 horizontais, para ajuste contra a guia. Os furos seriam os mais finos possíveis, para diminuir a agressão ao carro (parafusos de latão 3/16" ou 4mm).
Ajustando os que vão contra a guia horizontal (verticais), você levanta o carro por igual ou de forma localizada (2 a 2 ou cada 1 sozinho), obtendo nos mesmos testes anteriores a altura desejada e a inclinação desejada (zero).
Ajustando os que vão contra o rabo-de-andorinha, você zera a posição do carro na horizontal e zera também a inclinação lateral.
Vai ajustando até os testes anteriores (ou similares) indicarem que o carro está na posição desejada.
Trava os parafusos (com uma porca, ou um pouquinho de cola etc, sem mexer em nenhum). Esta é a geometria que o carro deve ter quando pronto.
Somente as guias do carro recebem moglice. O barramento não. E a guia do carro onde vai a régua também não.
Para limpar, passa um maçariquinho nas guias do carro para suar o óleo (ferro fundido segura óleo, não me pergunte muito como), limpe com um guardanapo e repita, até que não sue mais. Aí limpe bem com desengraxante (não use solvente que deixe resíduo). Se desejar melhorar a adesão, torne as superfícies mais ásperas (não recomendo no seu caso, sem isso se der errado ele fica como estava). No barramento, aplique algumas camadas de cera poliflor em todas as superfícies, para o moglice não grudar. Não pode haver nenhum ponto descoberto. Misture o moglice e aplique com espátula em baixo do carro. Para não ter falta nem muito excesso na quantidade, dê uma estimada no volume necessário (pela geometria e o quanto os parafusos estão para fora) e multiplique por 2.
Monte o carro no barramento, garantindo que todos os parafusos estejam encostando. Retoque/empurre se precisar, buscando o melhor preenchimento.
Aguarde a cura (24h).
Alternativamente, o moglice pode ser aplicado no barramento sobre a cera, e o carro vem por cima.
O fato de ser um rabo-de-andorinha e não sair na vertical complica, mas não impossibilita. Existe o moglice fluido que também funcionaria, a idéia é a mesma, mas teria que fazer diques (com massinha, por exemplo) para segurar nas extremidades. Aí injeta nos 2 lados até saír pelo furo de ventilação.
Movimente para soltar, tire as rebarbas, abra canais de lubrificação, monte a régua e pronto.
Eu estou aqui com epóxi para tentar um similar do moglice, mas ainda não tive tempo de fazer. Se quiser, te mando um pacote com os ingredientes e você tenta, por conta e risco.
O mais importante: não desanime nem se desespere.