Fernando,
se aceita sugestão, comece a praticar no torno antes comprar mais ferramentas e acessórios - caso contrário tem boa chance de comprar coisas que não vão servir ou não vai usar.
Porta-ferramentas de troca rápida é conveniente e bacana, mas está longe de ser uma necessidade. Para trabalhos em produção, em que alguns segundos fazem diferença (se é que ainda existe isso em torno manual
), isso pode ser prioritário. Mas não é o caso no uso que suponho que vá fazer.
Quanto às ferramentas, se tiver aí uns bits de aço rápido (HSS), brinque um pouco com eles. No meu entendimento, hss é muito mais adequado para este torno do que metal duro (=widia, carbetos).
Ferramentas de metal duro têm ângulos negativos (aresta principal de corte >90 graus) ou pouco positivos (pouco < que 90 graus), enquanto ferramentas de hss são afiadas com uns 70 graus ou menos. Isso é uma necessidade pela fragilidade do metal duro. E com isso, exigem mais força para cortar.
É como comparar o corte de uma faca de caça com uma faca de sashimi. A segunda corta muito mais fácil.
Por fazer mais força para cortar, as ferramentas demandam mais rigidez do torno - coisa que tornos pequenos não têm sobrando.
Além disso, a principal vantagem do metal duro é trabalhar com velocidades de corte mais altas - só que estas velocidades dificilmente são atingidas em um torno com mancais de deslizamento, que trabalha com velocidades mais baixas do que um cabeçote rolamentado.
E metal duro com baixas velocidades dá um acabamento pior.
Estas ferramentas são úteis para trabalhar com materiais mais duros (casca cementada, casca de fundidos, cromados etc), e as mais adequadas são as cinzas como essas - idealmente P50 - por terem ângulos mais camaradas do que as laranjas (Mxx).
Mas para uso geral hss é mais adequado para esse torno. Melhor acabamento, mais rápido (o gume mais agudo permite passes mais profundos antes do torno gemer) e mais barato.
Além disso são mais fáceis de afiar do que metal duro.
O tamanho de bit mais adequado para ele é de 1/4 de polegada (~6,5mm), que vai caber bem no seu castelo.
Ao calçar ferramentas, procure usar o menor número de calços possível, trocando vários finos por um grosso. Assim a montagem fica mais rígida. E se puder dispensar calços em cima, melhor. Use somente se os parafusos não alcançarem.
E um macete para ajustar a altura da ferramenta mais rápido:
Monte a ferramenta no castelo e aproxime a ponta de corte da peça que vai usinar (montada na placa).
Entre a peça e a ferramenta, posicione uma chapinha (como uma dessas que você usou como calço) na vertical.
Encoste a ferramenta, pressionando a chapinha entre a peça e a ferramenta.
Se a chapinha ficar na vertical, a ferramenta está na altura do centro da peça.
Se a ponta superior da chapinha apontar para você, a ferramenta está muito baixa.
Se a ponta superior da chapinha apontar para o lado oposto, a ferramenta está muito alta.