Olá a todos do fórum. Na semana passada arrisquei o número de série do torno (sem o setão) e hoje recebi o “Serial number card” do torno (fotos) Disse um parceiro aqui do fórum; “Os caras lá, preservam a história”. É mesmo, me enviaram cópia do cartão original da compra, com dados do torno, importador e o comprador os quais reporto abaixo. Estou terminando a parte da pintura. Usei Hammerite cinza como tinta protetora de fundo e pretendo usar tinta baseada na fórmula fornecida pelo site
www.lathes.co.uk/southbend9-inch/ para o acabamento.
O IMPORTADORA Bert Keller nasceu com a vinda de Bert D. Keller ao Brasil, em 1936, como representante de mais de 200 marcas de máquinas e equipamentos industriais norte-americanos. O Sr. Bert representou marcas-padrão para a indústria brasileira: tornos South Bend, ferramentas de corte Cleveland, ferramentas Armstrong Bros, talhas Yale, mandris Jacobs etc.
Em 1941, Sr. Bert fez a venda de uma empilhadeira Yale a Metalúrgica Matarazzo. Foi a primeira empilhadeira vendida no Brasil.
Fonte: BK EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS. O PRIMEIRO PROPRIETÁRIOBoa lembrança. Carlos Lamas, chileno, de origem palestina, veio para Natal nos anos vinte. Foi cônsul do seu país nessa cidade. Nasceu em Valparaíso, em 1905, e morreu no Rio de Janeiro, em 1972. Foi um dos fundadores (juntamente com Carlos Farache) da Rádio Educadora de Natal (REN). Foi também um dos fundadores da Sociedade de Cultural Musical. Incentivador da música e dos esportes em nossa cidade, era escultor, nas horas vagas de comerciante, dono de loja na Rua Doutor Barata, que vendia material esportivo ao lado de instrumentos musicais, discos e partituras.
Em seu livro Ontem Vestido de Menino, o poeta Augusto Severo Neto flanando pelas ruas da velha Ribeira, escreveu:
“Casa Lamas – Sport. Artigos esportivos em geral, além de música (...) Carlos Lamas, chileno, cônsul do seu País, pioneiro do rádio difusão em nosso Estado, um dos fundadores da Rádio Educadora de Natal – REN, incentivador dos esportes, ele mesmo esportista emérito, campeão de tênis e de vôlei com a equipe “Chile”, composta por ele e seus irmãos Amador, Afonso, Jacob e Francisco, equipe famosa no Aero Clube daquele tempo, época em que meu pai, Sérgio Severo, foi seu presidente. Carlos Lamas, grande figura humana, casado com Bertha Lamas Paes Barreto, minha prima, filha de Pio Barreto e de Maria, neta de Dona Inês e de Juvino. Carlos Lamas que saiu de Natal deixando um vazio na terra que já era sua por adoção e amor e que morreu, enchendo de saudade esse vazio. Carlos Lamas, homem bom, que com outros homens bons, fez ser melhor o Natal da sua época. Aqui a minha homenagem”.
Luís da Câmara Cascudo escreveu uma Acta Diurna (09/05/1959), “Prelúdio em louvor de Carlos Lamas”. Destaco alguns trechos:
- A Sociedade de Cultura Musical estava em colapso. Carlos Lamas ressuscitou-a, erguendo-a ao nível prestigioso de uma associação incomparável pela série infinita de concertos, divulgadores de música excelente, na cidade nostálgica do seu passado cultural. Os artistas de projeção internacional estiveram diante da platéia natalense, cantando, tocando piando, violino, harpa, violoncelo, violão, cítara... O velho Teatro Carlos Gomes teve grandes noites, sonoras de aplausos, vibração, alegria intelectual.
- Carlos Lamas fundou uma Orquestra Sinfônica, composta de amadores e profissionais, conquistando horas dominadoras. Fundou a inesquecível Radio Educadora, a primeira emissora no Rio Grande do Norte, com programação regular. Inseparável foi a figura de Carlos Farance nesta fase realmente impressionante de valorização citadina.
- Escultor, miniaturista, restaurador artístico, Carlos Lamas é ator de um busto de Carlos Gomes que está no Teatro Alberto Maranhão e também de uma estatueta deste último, de irrecusável semelhança”
Protagonizou casos que revelam sua personalidade forte e a índole de fidelidade aos princípios que mantinha. Embora suas origens sejam de uma cidade banhada pelo Oceano Pacífico, não era, absolutamente, pacífico. Já adulto, tornou-se cônsul do Chile em Natal e fez da casa do seu irmão Amador a sede do consulado em 1935, fatídico ano da Intentona Comunista. Ocorreu aqui um dos episódios mais marcantes da biografia dos Lamas.
Na noite de 23 de novembro daquele ano, os guerrilheiros rebeldes se dirigiram ao Teatro Carlos Gomes (hoje, Teatro Alberto Maranhão) para prenderem as autoridades locais (governador Rafael Fernandes, prefeito de Natal Gentil Ferreira de Souza e outros nomes de destaque da administração pública) que ali se encontravam, participando de uma solenidade de colação de grau de alunos do Colégio Marista. Não os encontraram mais ali. Sabendo que os mandatários e seus principais assessores estavam no Consulado chileno, os comunistas intimaram os Lamas a entregarem os refugiados. Carlos foi enfático na sua resposta: somente com a ordem do embaixador do seu país poderia atendê-los. Fora disso, só se invadissem o Consulado e retirassem à força aqueles a quem procuravam, "pois só a estes reconhecia como autoridades legítimas naquela conjuntura". O caso está descrito no livro de João Medeiros Filho, "82 Horas de Subversão" (1980).
Fontes: Natal Antigo e Rádio Poti.
A RUA DR. BARATA NAS DÉCADAS DE 30 - 40 Nessa época, lembra D. Lair Tinoco que “Para ir à rua Dr. Barata, mesmo residindo na Ribeira, era de bom tom usar chapéu e luvas. Nas tardes de Sábado, o comércio abria e, então, na rua Br. Barata era um verdadeiro desfile de elegância”.
A localização de algumas das principais lojas da rua foi levantada pelo Sr. Júlio César Andrade, que identificou uma gama variada de exemplos: na intercessão da Dr. Barata com a Quintino Bocaiúva funcionou o comércio de modas de Natal; no comércio de ferragens destacava-se a empresa Galvão & Cia., da família de Clemente Galvão. No número l65, havia o Café Globo, de Luiz de Barros; no l67, a livraria e papelaria do Sr. João Argílio, uma das principais da cidade e a mais procurada. Esta foi transferida para Ismael Pereira, que depois passou a seu filho Walter Pereira, que a instalou na Avenida Rio Branco e manteve a loja da Ribeira como filial. A Alfaiataria Brasil, no número l69, era considerada a mais “chic” e requintada de Natal, especializada em fardamento militar, mas que também atendia civis, vestindo as principais figuras da vida natalense; a firma José Farache & Filhos funcionou no 233. Era uma grande loja de calçados e chapéus. Lá também esteve em atividade o Sr. Carlos Lamas, vendendo artigos esportivos, instrumentos musicais e representações e, por fim, a Mercantil Valparaíso, de Salvador Lamas.
Outros empreendimentos tiveram lugar na Rua Dr. Barata. A Caixa Rural e Operária de Natal, administrada pelo Sr. Ulisses de Gois, que emprestava recursos para construção da casa própria; o Sindicato das Empresas de Passageiros de Natal, que posteriormente se transferiu para o Alecrim; o Centro de Imprensa e o Jornal A Ordem; a Casa LUX, no número 200, vendia material elétrico, a Casa Gondim, o Armazém Ganha Pouco, a agência do Loyd Brasileiro, a Livraria Henrique Santana e muitas outras casas comercias ao longo do tempo.
Durante a II Guerra Mundial, na década de 40, ocorreu a fase áurea da atividade comercial da rua Dr. Barata. Na memória de Dinarte Bezerra de Andrade, ex-proprietário da Gráfica Santo Antônio, a Livraria Cosmopolita, instalada no número l84, onde também funcionou o Banco de Natal, que atraía figuras da elite local. Lá se reunia figuras da sociedade e políticos como o governador Rafael Fernandes, no final das tardes, quando crescia a movimentação de pessoas por aquela artéria do bairro da Ribeira.
Terminada a guerra, muitas casas comerciais fecharam, outras foram transferidas para a Cidade Alta ou para o Alecrim. Na Dr. Barata ficaram algumas poucas lojas, escritórios e firmas de representações.
Fonte: Natal Antigo.