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MÁQUINAS EM GERAL => Tornos => Tópico iniciado por: Marcosavs em 09 de Fevereiro de 2012, 23:19
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Olá a todos do fórum. No mês passado comprei um torno acionado por correia aqui em Natal. Estava abandonado, o antigo proprietário já tinha partido há tempo. Bem conservado e sem folgas (na minha humilde opinião). Testei, funcionou para frente e para trás (o motor/cabeçote móvel). O motor, não creio ser o original. É um WEG ½ cv. Achei o torno bem rígido (e bonito). Veio com um bocado de compassos, um monte de engrenagens, três placas de diferentes tamanhos, sendo uma de quatro castanhas independentes além de uma placa lisa. Três mandris, ponteiras fixas e rotativas. Creio que possui caixa Norton (devido ao número de engrenagens). Bom, cacei o fabricante e na lateral do mesmo tem uma placa gravada/rebitada “South Bend”. Já vi no fórum que o Senhor Gilii conhece bem esta marca e que os senhores Paulo Caetano e Euclides Junior estão a reparar uns idênticos.
Agora a coisa pega. A pintura está feia (cinza) e os controles/manípulos? Pintados, no parafusão (o que dá a velocidade para roscar) tem oxidação, a correia eu consegui tirar do lado do motor, mas do lado da placa, só Deus sabe como, não consegui visualizar onde. Devo raspar a tinta com espátula, escova rotativa ou lixa? A cor? Existe cor padrão para tornos? Este torno tem uma cor de fábrica? Gostaria que o mesmo ficasse o mais fiel possível ao original. Sei que é sacal ficar vendo/respondendo mais uma reparação de torno, porém, se der para ajudar agradeço.
Sds,
Marcos Vieira
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Excelente aquisição. Pelo número de ferramentas e peças é notório que o antigo proprietário tratava muito bem esse torninho.
Na verdade ele não tem Caixa Norton, mas se vieram todas as engrenagens, poderá fazer uma boa gama de roscas.
Com relação a limpeza e raspagem das parte oxidadas e pinturas velhas, aconselho a ler um pouco do tópico abaixo, onde o C N C N o w, explica como das um banho químico para tirar toda a tinta e oxidação sem nenhum esforço. Pode usar esse método que é garantido. Como você está em Natal, existem muitas empresas petrolíferas onde Vc. pode achar uma Bombona de Plastico para caber todo o barramento que é a peça maior. Não jogue fora o preparado, guarde e vá usando para limpar outras peças.
http://www.guiacnc.com.br/projetos-de-usuarios/torno-joinville-tm-127-jorge-l/240/
Conforme for fazendo a reforma vá postando fotos para vermos o progresso.
Boa Sorte
Edson
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Marcos
Você, comprou um torno que pelo jeito estava bem cuidado, parabéns. Dificilmente encontramos um South Bend, o que mais encontramos são seus clones como o Joinville e o Sanches Blanes, e este veio com bastante periféricos. Eu também acho que o motor não é original, pois a Weg é produto nacional ( Santa Catarina ). Você falou da côr cinza, não sei qual seria a original, mas os que eu sempre vi, eram desta côr. Abraços.
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Boa noite a todos e obrigado aos Srs. Edson e Gusto pelas gentis respostas. Realmente o antigo proprietário com certeza era cuidadoso, foi um dos fundadores da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte – ETFERN, a qual tenho orgulho de ter estudado. Como viram nas fotos, comecei a desmontá-lo para uma pintura em regra. Estou encucado é com a correia, será que tenho que tirar todo o eixo (a parte que dá rotação a placa onde colocamos as peças a tornear) para trocar a mesma? Neste eixo, há dois pontos de lubrificação (para os mancais/rolamentos?). Em um lado há uma espécie de copinho com uma tampinha e mola que deixa a tampa sempre fechada, porém, do outro lado está sem, só tem um bujão, creio que o copinho se estragou. Quanto à cor, recorro aos senhores. Apesar do que disse o Sr. Gusto, que o cinza pode ter sido a cor original a atual está fubenta, desmilinguida, sem coragem, se é que vocês me entendem. Um martelado cinza (se é que tem) iria bem? Sim, então pelo fato de fazer roscas, não Necessariamente implica que um torno possui caixa Nortom?
Sds,
Marcos Vieira
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Marco,
Essa correia é a mais chata de se trocas. Seu preço não é caro, mas para trocar é um trabalhão. Tem sim que tirar o eixo com a placa do mancal.
Não dá para ver o estado da correia, então só troque se ela estiver realmente ruim ou se desmontar todo o torninho não deixe de aproveitar para colocar correia nova.
Com relação a cor, conforme você for desmontando, você verá partes do torno que estão escondidas e que talvez ainda dê para ver o tom da cor original.
O motor não é original, mas é o de menos, bastando saber de está rodando bem, para frente e reverso, sem barulho de rolamentos danificados. A não ser que quira transformá-lo em peça de museu, aí, conseguir um motor original, acho meio difícil.
Abraços e não deixe de ler o tópico que recomendei, acima.
Edson
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Marcos, uma boa aaternativa à desmontagem é a instalação de uma correia de elos ... é bem mais cara, mas pode compensar. É mais silenciosa tb.
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Um martelado cinza ...
O-DE-I-O tinta martelada ... odeio com força ... se for verde então, me dá náuseas ... ;D
Recomendo tinta Hammerite, fácil de aplicar, barata, muito resistente.
http://www.tintascoral.com.br/do/products/details?productCode=2141
Duvido que encontre na cor original ... se vc não fizer absoluta questão de originalidade, vale a pena.
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Bom dia Marcos
O seu torno esta muito conservado.
Eu também reformei um torninho antigo (South Bend) só que o meu era uma replica e estava muito judiado então o coloquei para rodar sem me preocupar com as características originais.
http://www.guiacnc.com.br/tornos/resgate-de-mini-torno-jurassico/msg136914/#msg136914
Sobre os pinos de lubrificação eu desmontei uma maquina de costura industrial para fazer uma serra tico-tico de bancada e nela tinha alguns pinos de lubrificação (foto abaixo) então você vai encontrá-los em empresas que fazem manutenção nestas maquinas, caso você não encontre, e se os da foto lhe servirem posso lhe fazer uma doação.
Abs.
Jr.
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Olá boa tarde a todos. Vou caçar esta correia de elos, achei muito prática. Senhor Euclides, obrigado pela oferta. Se não encontrar o copinho aqui em Natal, vou aceitar sim a doação, aliás, faremos um escambo caso o senhor precise de alguma peça que veio na minha compra. Quanto à tinta vou da uma olhada nos fóruns gringos para saber a cor. Rapaz, a danada da eletrólise é o “processo” pelo que vi na net, deixa tudo no osso. Quando viajar terça feira vou fazer lá na empresa que tem mais espaço. Notei que retira a ferrugem e graxas, a tinta velha sai também? Ou preciso raspar antes? As gravações nos manípulos não serão afetadas? Tenho um instrumento (foto abaixo) de bronze ou latão muito bonito, dá para eletrolisar o mesmo sem afetar as escalas?
Recapitulando: Eletrólise se faz assim?
Uma bacia de plástico ou uma bombona de 200 litros cortada ao meio no sentido longitudinal, uns suportes para os eletrodos, uma fonte de 12 volts, água e carbonato de sódio (comprei um kilo de barrilha), coloca as peças ou uma peça por vez? A peça a ser tratada se liga ao pólo negativo e no positivo liga-se uma barra de ferro, aço ou aço inox? Depois, liga a fonte e deixa passar o dia?
Sds,
Marcos Vieira
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Se você for cortar uma bombona na transversal, acho melhor usar um tambor de ferro mesmo e usá-lo como polo positivo. As peças grandes, como cabeçote e barramento, coloque dentro do tambor isolado do próprio tambor.
Poderá até colocar as peças pequenas em um engradado de plástico no mesmo tambor.
Se estiver difícil cortar o tambor de ferro na transversal, pode usar um tambor com tampa removível e estará prontinho para uso. Muitos aqui vão dizer que o tambor sera estragado. Mas e daí depois de tudo limpo pode até jogá-lo fora. Aí em Natal existem muitas empresas que até dão esses tambores de graça.
Quando o processo de eletrólise estiver terminado, a peça parecera em muito pior estado que estava antes da limpeza, mas é só escovar com água que ficara como saída da fundição. Não demore muito para pintar ou librificar as peças limpas para que elas não voltem a oxidar.
Abraços
Edson
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Com relação a correia, essa correia indicada pelo Jorge L., são perfeitas para os tipos de polias onde para trocá-las é necessário desmontar o eixo. Meu torninho tem o mesmo problema, quando tiver que trocar a correia, vou optar pela troca por esse tipo de correia.
Abs.
Edson
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... a tinta velha sai também?
Sai completamente, talvez seja a principal vantagem do processo.
As gravações nos manípulos não serão afetadas?
Não.
Cuidado com peças de alumínio se houver, remova-as.
Não sei, possivelmente. Acho que vale a pena testar com peças sem valor. Reporte os resultados.
Recapitulando: Eletrólise se faz assim?
Sim.
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Marcos, uma boa aaternativa à desmontagem é a instalação de uma correia de elos ... é bem mais cara, mas pode compensar. É mais silenciosa tb.
Tenho uma correia dessas que comprei (importada) mas nunca usei.
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Tenho uma correia dessas que comprei (importada) mas nunca usei.
O Senhor faz negócio? Sim, quanto a eletrólise no instrumento de latão/bronze dá para fazer?
Sds,
Marcos Vieira
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Olá a todos. Iniciei o restauro do torno. Comecei pelo cabeçote móvel e avental (nome mais esquisito), preparei o tanque para limpeza por eletrólise (foto), comprei uma fontezinha de 3A, e mandei ver. O senhor Edson tinha dito que ficaria como saído da fundição, tinha minhas dúvidas. Após a primeira “fornada” minhas dúvidas foram para o espaço. Limpeza espetacular (foto) foi como se eu tivesse descoberto a pólvora a roda e o Viagra ao mesmo tempo. Descobri até um número gravado nas peças do cabeçote (foto). Vou tentar deixar o bicho igualzinho como ao sair da fábrica.
Sds,
Marcos
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Boa noite a todos. Dando continuidade a restauração do torno, surgiram algumas dúvidas; A cor me parece ser basicamente cinza, mais especificamente um cinza azulado, segundo experts (dia de chuva + dia de sol?). Os senhores saberiam me dar uma dica? O que diabos é um cinza azulado? Li nos sites dos aficionados, que estes tornos possuem um número de série, caçei e caçei estes números e só vi um solitário número “7” (sete) e os outros? E as letras? Como o barramento está meio sujo, vou dar uma limpeza em regra pra ver se aparecem. Ou é só isto? Um isolado número? Outra coisa é saber se o bicho está no sistema métrico ou no sistema real (polegadas). Como posso saber disto tendo como base as engrenagens que os acompanham? Como “ler” uma engrenagem? É o número de dentes? Como ler o diâmetro da mesma, É por fora dos dentes ou por dentro (foto)? Dúvidas, dúvidas!!!!
Sds,
Marcos
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amigo, boa compra. parabéns
eu te recomendo pintar de " ferrolack" da marca ypiranga. ai tu aciona a ele um pouco de ferrolack branca ( tem cinza e branca) que vai ficar igualzinho, bem parecida com o cinza original da sb .
se tiver paciência, dá uma olhada em algumas restaurações de torno feita por mim
https://picasaweb.google.com/116617985245342015523/Nardini?authkey=Gv1sRgCKyKxpLFxp3LIg
https://picasaweb.google.com/116617985245342015523/ReformaTornoImor
https://picasaweb.google.com/116617985245342015523/Oficina02#5582856926894426514
https://picasaweb.google.com/116617985245342015523/ImorTrn320
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amigo, boa compra. parabéns
se tiver paciência, dá uma olhada em algumas restaurações de torno feita por mim
Cara sem palavras coisa que poucos profissionais consegue fazer
Parabéns
Jr.
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Boa noite a todos. Observei que os senhores Euclides Junior e hotshoecustom, cromaram os manípulos nas reformas. Pode se cromar uma peça parcialmente? Explico; Na foto abaixo o manípulo só está cromado na borda e o resto pintado. Será que croma tudo e depois é que escolhe a parte a pintar? Ou o cromador tem como fazer esta seleção? As placas rotativas se cromam? Senhor Euclides, tá osso achar os copinhos de lubrificar aqui, os caras nem sabe o que é. Pode?
Sds,
Marcos
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Marcosavs,
As engrenagens são identificadas pelo tipo de dentes(medidas iguais às outras engrenagens que você tem) e os números de dentes.
Se os dentes forem exatamente os do tipo que servem para você, contando os números de dentes o diâmetro será fatalmente o tamanho do original.
Quanto a cromar parcialmente uma peças, pode sim ser feito. As empresas especializadas sabem como fazer.
Abs.
Edson
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Boa noite a todos. Observei que os senhores Euclides Junior e hotshoecustom, cromaram os manípulos nas reformas. Pode se cromar uma peça parcialmente? Explico; Na foto abaixo o manípulo só está cromado na borda e o resto pintado. Será que croma tudo e depois é que escolhe a parte a pintar? Ou o cromador tem como fazer esta seleção? As placas rotativas se cromam? Senhor Euclides, tá osso achar os copinhos de lubrificar aqui, os caras nem sabe o que é. Pode?
Sds,
Marcos
ola. não se croma parcial. o que ocorre é que o polidor irá dar tratamento apenas aonde vc queira brilho. apeça vai ser cromada por inteiro. depois com fita crepe, bisturi, vc faz um paintstripping e pinta a área apenas que lhe convém
fiz assim nos meus tornos , tanto o holbrook como o imor, imor prn, no joinville, no nardini
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amigo, boa compra. parabéns
se tiver paciência, dá uma olhada em algumas restaurações de torno feita por mim
Cara sem palavras coisa que poucos profissionais consegue fazer
Parabéns
Jr.
valeu amizade
se viu as fotos do imor , kkkk aquilo era só o bagaço , só o pó da bactéria . até encher de solda a caixa norton eu tive que fazer
outro que reformei bastante, foi um holbrook, num sei se postei o link dele, ai vai
https://picasaweb.google.com/116617985245342015523/Holbrook
teve pedaços a encher com solda latão, deu bastante trampo. mas está rodando muito bem agora , só faz bastante barulho pq as engrenagens do cabeçote já tem desgaste aos tubos . um dia mecherei nisso também. é uma puta maquina, heavy duty do heavy duty. carro, contra ponto, tudo exagerado. pesa um horror
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Olá a todos. Creio que achei o número de série do torno. A esquerda do solitário número “7” que está bem visível dei uma raspada na sujeira/tinta e apareceram uma seqüência de números assim:
7 79412
Apelo aos Senhores quanto a forma de ler este número. O serial inclui o “setão” ou não? Pois vou enviar o mesmo para a SBL para rastrear o cartão do mesmo. Só que custa $25,00 e se o número for errado não tem choro, o cara perde o valor.
Sds,
Marcos
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Olá a todos do fórum. Na semana passada arrisquei o número de série do torno (sem o setão) e hoje recebi o “Serial number card” do torno (fotos) Disse um parceiro aqui do fórum; “Os caras lá, preservam a história”. É mesmo, me enviaram cópia do cartão original da compra, com dados do torno, importador e o comprador os quais reporto abaixo. Estou terminando a parte da pintura. Usei Hammerite cinza como tinta protetora de fundo e pretendo usar tinta baseada na fórmula fornecida pelo site www.lathes.co.uk/southbend9-inch/ (http://www.lathes.co.uk/southbend9-inch/) para o acabamento.
O IMPORTADOR
A Bert Keller nasceu com a vinda de Bert D. Keller ao Brasil, em 1936, como representante de mais de 200 marcas de máquinas e equipamentos industriais norte-americanos. O Sr. Bert representou marcas-padrão para a indústria brasileira: tornos South Bend, ferramentas de corte Cleveland, ferramentas Armstrong Bros, talhas Yale, mandris Jacobs etc.
Em 1941, Sr. Bert fez a venda de uma empilhadeira Yale a Metalúrgica Matarazzo. Foi a primeira empilhadeira vendida no Brasil. Fonte: BK EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS.
O PRIMEIRO PROPRIETÁRIO
Boa lembrança. Carlos Lamas, chileno, de origem palestina, veio para Natal nos anos vinte. Foi cônsul do seu país nessa cidade. Nasceu em Valparaíso, em 1905, e morreu no Rio de Janeiro, em 1972. Foi um dos fundadores (juntamente com Carlos Farache) da Rádio Educadora de Natal (REN). Foi também um dos fundadores da Sociedade de Cultural Musical. Incentivador da música e dos esportes em nossa cidade, era escultor, nas horas vagas de comerciante, dono de loja na Rua Doutor Barata, que vendia material esportivo ao lado de instrumentos musicais, discos e partituras.
Em seu livro Ontem Vestido de Menino, o poeta Augusto Severo Neto flanando pelas ruas da velha Ribeira, escreveu:
“Casa Lamas – Sport. Artigos esportivos em geral, além de música (...) Carlos Lamas, chileno, cônsul do seu País, pioneiro do rádio difusão em nosso Estado, um dos fundadores da Rádio Educadora de Natal – REN, incentivador dos esportes, ele mesmo esportista emérito, campeão de tênis e de vôlei com a equipe “Chile”, composta por ele e seus irmãos Amador, Afonso, Jacob e Francisco, equipe famosa no Aero Clube daquele tempo, época em que meu pai, Sérgio Severo, foi seu presidente. Carlos Lamas, grande figura humana, casado com Bertha Lamas Paes Barreto, minha prima, filha de Pio Barreto e de Maria, neta de Dona Inês e de Juvino. Carlos Lamas que saiu de Natal deixando um vazio na terra que já era sua por adoção e amor e que morreu, enchendo de saudade esse vazio. Carlos Lamas, homem bom, que com outros homens bons, fez ser melhor o Natal da sua época. Aqui a minha homenagem”.
Luís da Câmara Cascudo escreveu uma Acta Diurna (09/05/1959), “Prelúdio em louvor de Carlos Lamas”. Destaco alguns trechos:
- A Sociedade de Cultura Musical estava em colapso. Carlos Lamas ressuscitou-a, erguendo-a ao nível prestigioso de uma associação incomparável pela série infinita de concertos, divulgadores de música excelente, na cidade nostálgica do seu passado cultural. Os artistas de projeção internacional estiveram diante da platéia natalense, cantando, tocando piando, violino, harpa, violoncelo, violão, cítara... O velho Teatro Carlos Gomes teve grandes noites, sonoras de aplausos, vibração, alegria intelectual.
- Carlos Lamas fundou uma Orquestra Sinfônica, composta de amadores e profissionais, conquistando horas dominadoras. Fundou a inesquecível Radio Educadora, a primeira emissora no Rio Grande do Norte, com programação regular. Inseparável foi a figura de Carlos Farance nesta fase realmente impressionante de valorização citadina.
- Escultor, miniaturista, restaurador artístico, Carlos Lamas é ator de um busto de Carlos Gomes que está no Teatro Alberto Maranhão e também de uma estatueta deste último, de irrecusável semelhança”
Protagonizou casos que revelam sua personalidade forte e a índole de fidelidade aos princípios que mantinha. Embora suas origens sejam de uma cidade banhada pelo Oceano Pacífico, não era, absolutamente, pacífico. Já adulto, tornou-se cônsul do Chile em Natal e fez da casa do seu irmão Amador a sede do consulado em 1935, fatídico ano da Intentona Comunista. Ocorreu aqui um dos episódios mais marcantes da biografia dos Lamas.
Na noite de 23 de novembro daquele ano, os guerrilheiros rebeldes se dirigiram ao Teatro Carlos Gomes (hoje, Teatro Alberto Maranhão) para prenderem as autoridades locais (governador Rafael Fernandes, prefeito de Natal Gentil Ferreira de Souza e outros nomes de destaque da administração pública) que ali se encontravam, participando de uma solenidade de colação de grau de alunos do Colégio Marista. Não os encontraram mais ali. Sabendo que os mandatários e seus principais assessores estavam no Consulado chileno, os comunistas intimaram os Lamas a entregarem os refugiados. Carlos foi enfático na sua resposta: somente com a ordem do embaixador do seu país poderia atendê-los. Fora disso, só se invadissem o Consulado e retirassem à força aqueles a quem procuravam, "pois só a estes reconhecia como autoridades legítimas naquela conjuntura". O caso está descrito no livro de João Medeiros Filho, "82 Horas de Subversão" (1980). Fontes: Natal Antigo e Rádio Poti.
A RUA DR. BARATA NAS DÉCADAS DE 30 - 40
Nessa época, lembra D. Lair Tinoco que “Para ir à rua Dr. Barata, mesmo residindo na Ribeira, era de bom tom usar chapéu e luvas. Nas tardes de Sábado, o comércio abria e, então, na rua Br. Barata era um verdadeiro desfile de elegância”.
A localização de algumas das principais lojas da rua foi levantada pelo Sr. Júlio César Andrade, que identificou uma gama variada de exemplos: na intercessão da Dr. Barata com a Quintino Bocaiúva funcionou o comércio de modas de Natal; no comércio de ferragens destacava-se a empresa Galvão & Cia., da família de Clemente Galvão. No número l65, havia o Café Globo, de Luiz de Barros; no l67, a livraria e papelaria do Sr. João Argílio, uma das principais da cidade e a mais procurada. Esta foi transferida para Ismael Pereira, que depois passou a seu filho Walter Pereira, que a instalou na Avenida Rio Branco e manteve a loja da Ribeira como filial. A Alfaiataria Brasil, no número l69, era considerada a mais “chic” e requintada de Natal, especializada em fardamento militar, mas que também atendia civis, vestindo as principais figuras da vida natalense; a firma José Farache & Filhos funcionou no 233. Era uma grande loja de calçados e chapéus. Lá também esteve em atividade o Sr. Carlos Lamas, vendendo artigos esportivos, instrumentos musicais e representações e, por fim, a Mercantil Valparaíso, de Salvador Lamas.
Outros empreendimentos tiveram lugar na Rua Dr. Barata. A Caixa Rural e Operária de Natal, administrada pelo Sr. Ulisses de Gois, que emprestava recursos para construção da casa própria; o Sindicato das Empresas de Passageiros de Natal, que posteriormente se transferiu para o Alecrim; o Centro de Imprensa e o Jornal A Ordem; a Casa LUX, no número 200, vendia material elétrico, a Casa Gondim, o Armazém Ganha Pouco, a agência do Loyd Brasileiro, a Livraria Henrique Santana e muitas outras casas comercias ao longo do tempo.
Durante a II Guerra Mundial, na década de 40, ocorreu a fase áurea da atividade comercial da rua Dr. Barata. Na memória de Dinarte Bezerra de Andrade, ex-proprietário da Gráfica Santo Antônio, a Livraria Cosmopolita, instalada no número l84, onde também funcionou o Banco de Natal, que atraía figuras da elite local. Lá se reunia figuras da sociedade e políticos como o governador Rafael Fernandes, no final das tardes, quando crescia a movimentação de pessoas por aquela artéria do bairro da Ribeira.
Terminada a guerra, muitas casas comerciais fecharam, outras foram transferidas para a Cidade Alta ou para o Alecrim. Na Dr. Barata ficaram algumas poucas lojas, escritórios e firmas de representações. Fonte: Natal Antigo.