Abrir roscas é principalmente acertar a relação entre a rotação do eixo árvore e do fuso. Isso é feito com as engrenagens da grade de redução.
Por exemplo, no meu torno o fuso tem 8 fios por polegada (8tpi)
Se eu fizer com que cada volta do eixo-árvore corresponda a uma volta do fuso, vou abrir uma rosca com 8tpi.
Se eu fizer uma redução para que a cada 2 voltas do eixo-árvore o fuso gire 1 vez, tenho 16 tpi, e assim por diante.
http://img266.imageshack.us/img266/7965/gradene3.jpgExistem diferentes montagens na grade de redução, na montagem mais simples, basta considerar a relação entre a engrenagem montada no fuso (5 na foto) e a montada na posição superior (chamada posição árvore - 3 na foto). A engrenagem intermediária (que liga o fuso à árvore), se for uma engrenagem simples não altera a relação, só transmite o movimento.
Por exemplo, com 32 no fuso, 80 na viola (aquele suporte da grade) e 32 no fuso, eu tenho uma relação 1:1, o que dá um passo igual ao do fuso, 8tpi.
Com 24 na árvore, 80 na viola e 60 no fuso, tenho uma relação de 1:2,5, o que me dá 20 tpi.
Para reduções maiores, usam-se engrenagens compostas. Por exemplo, a no. 4 da foto é uma 72:18, o que multiplica por 4 a relação.
Se for fazer rosca métrica em um torno polegada (ou vice-versa), entram em jogo relações para multiplicar por 2,54 (como engrenagens de 127 dentes).
Para esses tornos BV20, ele já tem uma redução no cabeçote. Pela tabela do manual postado em outro tópico aqui, para aquele modelo a relação dele faz com que tenha um "fuso efetivo" com passo de 0,8mm, se entendi bem. Mas a idéia é a mesma.
Este programa aqui permite ajudar a escolher a montagem. Colocando as engrenagens que você tem, o "passo efetivo" do fuso (ou o passo medido e no campo "kludge factor" a redução deste eixo no cabeçote que mencionei), ele lista as montagens possíveis.
http://www.lathes.co.uk/threading/nthreadp.exeA ferramenta para roscas comuns, é só afiar um bit com 60 graus (e algum angulo de incidencia e de saída nos lados). Para facilitar, existe uma ferramentinha chamada escantilhão (paguei R$10 na Florencio de Abreu). Ela aparece aqui junto da primeira rosca "de verdade" que abri, um adaptador (morse) pra montar o mandril no cabeçote móvel
http://ivan129.fotoblog.org.uk/p51776767.htmlAjuda a afiar corretamente e a montar a ferramenta perpendicularmente à peça. Roscas métricas e polegadas de parafusos são 60 graus. Algumas coisas muito antigas ou roscas específicas (água? etc) são 55 graus.
Esta a 2a. peça com rosca que fiz, e a 1a. com rosca interna, uma flange para uma plaquinha (era uma polia de fofo de sucata).
http://ivan129.fotoblog.org.uk/p51776769.htmlAlgumas roscas são mais chatas, como roscas trapezoidais ou quadradas. Estes dias abri minha primeira quadrada, fiz buchas novas para o cabeçote de um Joinville da dec. de 50 de um amigo. As buchas eram originais e estavam desgastadas muito além da possibilidade de ajuste (aqui as novas que fiz junto das antigas - foi uma aventura fazer essas peças com a precisão necessária, para meu alívio tudo montou certinho no torno dele).
http://ivan129.fotoblog.org.uk/p53993896.htmlUma boa referência sobre roscas (e torno em geral) é o Manual do Torneiro.
http://www.wewilliams.net/docs/1941%20-%20Manual%20do%20Torneiro%20-%2038%20Ed.pdf